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Série Drogas, Política e Cultura
Música Brasileira de Ayahuasca
Beatriz Caiuby Labate, Gustavo Pacheco.
ISBN: 978-85-7591-125-9
Formato: 11,5 x 21 cm | Acabamento: Brochura
Páginas: 11,5 x 21 cm | Ano: 2009 | Edição: 1
Idioma: Português
Preço: R$ 0,00

 

Sinopse:

 

Essa obra de Beatriz Caiuby Labate e Gustavo Pacheco, dá destaque ao tema da música nas religiões ayahuasqueiras do Santo Daime (nas suas vertentes Cefluris e Alto Santo) e da União do Vegetal (UDV). Ainda que a maioria dos estudos sobre as religiões ayahuasqueiras reconheça a centralidade da música nestes rituais, a música, em geral, tem figurado ao lado de muitos outros aspectos tratados, sem ganhar um status de análise próprio, como ocorre aqui. Rica manifestação cultural, a música de ayahuasca revela uma multiplicidade de conexões com a religiosidade brasileira e expressões musicais do nordeste e da Amazônia, e tem sido um dos principais elementos destacados no recente processo de pedido de reconhecimento da ayahuasca como patrimônio cultural imaterial da nação brasileira. O livro – em charmoso formato de bolso – explora o papel preponderante que a música ocupa no cotidiano dessas religiões, na produção dos significados religiosos e na construção do corpo e da subjetividade dos adeptos. A partir de uma descrição do fazer musical de cada grupo e de uma comparação entre ambos, os autores procuram entender o ethos destes grupos, assim como mais gerais destes movimentos religiosos. A obra representa uma importante contribuição em uma área de estudos ainda muito pouco explorada no Brasil: o estudo da música nos contextos rituais e religiosos.

APRESENTAÇÃO -- Desde a última década, tem ocorrido uma grande expansão nacional e internacional das religiões ayahuasqueiras, sobretudo do Santo Daime e da União do Vegetal (incluindo suas múltiplas ramificações e desdobramentos), a qual tem sido acompanhada de um boom nos estudos da área, assim como de importantes acontecimentos políticos. Em 2004, o governo brasileiro reconheceu definitivamente o uso religioso da ayahuasca como legítimo. Dois anos depois, em 2006, o Grupo Multidisciplinar de Trabalho da Ayahuasca (GMT), patrocinado pelo Conselho Nacional Antidrogas (Conad), em colaboração com cientistas e líderes dos grupos ayahuasqueiros, produziu um cuidadoso relatório propondo uma “deontologia do uso da ayahuasca”, isto é, um conjunto de princípios éticos e parâmetros sociais a serem cumpridos “como forma de prevenir o seu uso inadequado”, avançando ainda mais neste processo de regulamentação. Por fim, em 2008, algumas das principais vertentes ayahuasqueiras encaminharam ao então ministro da Cultura, Gilberto Gil, um pedido para que o uso religioso da ayahuasca fosse reconhecido como patrimônio imaterial da cultura brasileira – assunto que conquistou grande visibilidade na mídia, intensificando o debate. Este livro, uma versão revisada e substancialmente ampliada do texto “Hinos e chamadas, abrindo as portas do céu”, apresentado na XIV Jornadas Sobre Alternativas Religiosas na América Latina, em Buenos Aires, na Universidad Nacional de San Martin, de 25 a 28 de setembro de 2007, dá destaque ao tema da música nestes novos movimentos religiosos, o qual tem recebido pouca atenção da literatura até o momento. Rica manifestação cultural, intimamente ligada à experiência subjetiva dos discípulos, a música ayahuasqueira revela uma multiplicidade de conexões com a religiosidade brasileira e expressões musicais do nordeste e da Amazônia. Esperamos poder, assim, ampliar nossa perspectiva sobre estas religiões – para além da sua dimensão psicofarmacológica – e contribuir para avançar no debate intelectual em torno de um tema que tem gerado tantas controvérsias e paixões. Um esclarecimento faz-se necessário. Ao falarmos em “música brasileira de ayahuasca”, não incluímos aqui a musicalidade dos povos indígenas ayahuasqueiros. O nosso recorte restringiu-se às religiões ayahuasqueiras – embora tenhamos procurado estabelecer, ao longo do texto, quando possível, continuidades e descontinuidades com os diversos contextos nativos de consumo da planta. É nosso desejo também que esta publicação – e o interesse urbano pela ayahuasca – chame a atenção para a necessidade de mais pesquisas sobre as expressões poéticas indígenas.

* * *

Nesta pequena grande obra, encontramos chaves de entrada privilegiadas para o complexo universo musical das chamadas “religiões ayahuasqueiras” calcadas em trabalho de pesquisa denso e em respeito aos modos como os “músicos” aqui representados entendem suas práticas musicais. Além de nos brindarem com mais um capítulo imprescindível da grande música brasileira, nos ajudam a entender em termos mais amplos a relação entre música e religião, o modo como através da poesia, do ritmo e da melodia nos tornamos seres espirituais, nos comunicamos com realidades outras que não a imediata. (Edmundo Pereira, professor de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN)

Esta obra oferece um breve resumo sobre o uso da música nas religiões do Santo Daime e da UDV. Abordando a fenomenologia da prática musical em termos amplos, retomando sua história e enfocando questões de há muito esperadas, como por exemplo: “como são criados os hinos e chamadas”, ou “quem está realmente cantando durante uma performance ritual?”, Os autores tratam dos pontos importantes sobre o poder e a eficácia da performance musical em contextos religiosos, apontando, assim, para campos frutíferos de pesquisa nessa área. (Bernd Brabec de Mori, etnomusicólogo, Academia Austríaca de Ciências – Viena)

Costumo dizer que o acervo musical da cultura ayahuasqueira é de uma riqueza espantosa, seja na dimensão estritamente musical, seja na poética. Este pequeno livreto vem abrir caminho para compreensão de um fenômeno da cultura musical brasileira que já se expande para todo o mundo. Esta obra pioneira deve se tornar referência tanto para conhecedores do assunto como para quem deseja nele penetrar. (Marcelo Bernardes, músico, arranjador, professor de música brasileira e presidente da Tenda Espírita Flor da Montanha, centro do Santo Daime em Lumiar – RJ).

A voz humana é por si mesma mistério. Desde as origens, a palavra cantada, pelo seu poder encantatório, pela sua força expansiva, restauradora e renovadora, tem lugar central nas celebrações e na vida espiritual dos povos. É assim que aprecio este livro inaugural sobre a música brasileira de ayahuasca: um estudo surpreendente, simples, honesto e abrangente a respeito de algo bem mais importante do que nós às vezes imaginamos. (Francisco Assis de Sousa Lima, psiquiatra, poeta e pesquisador em cultura popular, membro do Corpo do Conselho do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal (UDV) do Núcleo Samaúma, em Araçariguama – SP.


AUTORES:
Beatriz Caiuby Labate é pesquisadora associada do Instituto de Psicologia Médica da Universidade de Heidelberg (http://bialabate.net)
Gustavo Pacheco é doutor em Antropologia pelo Museu Nacional. (gustpacheco@gmail.com)


Sobre os Autores:
Beatriz Caiuby Labate - É doutora em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas, Unicamp. Suas principais áreas de interesse são o estudo de substâncias psicoativas, políticas sobre drogas, xamanismo, ritual e religião. É Diretora Executiva do Chacruna (http://chacruna.net), organização dedicada a promover educação pública e legitimidade culturalem relação às plantas psicoativas. É Professora Colaboradora do Programade Psicologia Oriental-Ocidental do Instituto de Estudos Integrais da Califórnia (CIIS), em São Franciscoe Professora Visitante do Centro de Pesquisa e Estudos de Pós-Graduação em Antropologia Social (CIESAS), em Guadalajara. É Especialista em Educação Pública e Cultura da Associação Multidisciplinar de Estudos Psicodélicos (MAPS).

É co-fundadora do Coletivo Drogas, Política e Cultura no México (http://drogaspoliticacultura.net) e co-fundadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP) no Brasil, além de editora de seu site
(http://www.neip.info).

É autora, coautora e coeditora de dezenove livros, de uma edição especial de um journal acadêmico e de vários artigos indexados (http://bialabate.net/).

Gustavo Pacheco -

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