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Observe o texto produzido por Lucas, aluno do terceiro ano do ensino fundamental:
"Sinhor prefeito
Nos queremu que Você merole as situasão de mininos e meninas esta com defisiente físico nas Ruas ele entra na igreja e tei escada eles não entra não tei nigei para por eles la dentro e nei uma jite que eles e elas não coiese ela e ele e também não ce coiesem ele e ela porque eles e elas e defisiente e eles não e defisiente eles não pode joga Bola e nei andar de Bicicrete e nei di patis e também não pode pasia nas Ruas dos colega nei estudar Praque ele não da comta de escrever e nei ler oque ele vai fazer na escola so llarcha e brimcar na escola Dese jeito eles não podi pasar di ano
Obrigada porter Aterder o meu pidido Lucas"
Como avaliar as capacidades de produção textual de Lucas? Considerando sua idade, quais são os obstáculos que ele deve ultrapassar para redigir uma carta ao prefeito da cidade, pedindo melhorias em prol das crianças portadoras de deficiência física?
Com exceção dos erros ortográficos, quais são seus principais problemas de escrita?
Este livro é uma adaptação das propostas didáticas da equipe de Joaquim Dolz para o contexto brasileiro. Os autores apresentam um procedimento de análise de textos de alunos de escolas públicas brasileiras. O livro oferece atividades de ensino para os professores, adaptadas às dificuldades de aprendizagem mais frequentes que foram encontradas nas análises efetuadas.
Orientado explicitamente para a análise de produções escritas, este livro propõe uma metodologia que permite depreender as capacidades e as dificuldades dos alunos, autores dos textos; mostra como partir de suas capacidades e de seus erros para organizar o ensino, salientando os principais obstáculos a serem ultrapassados em função dos diferentes componentes dos textos trabalhados. Desse modo, procura, da melhor forma possível, adaptar o ensino aos aprendizes da escrita. O livro é particularmente adequado para acompanhar as atividades sobre as sequências didáticas do Programa Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, conforme vem sendo realizada no Brasil.
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S U M Á R I O
PREFÁCIO
CAPÍTULO I
ENSINAR A PRODUÇÃO ESCRITA
1. Comunicação, expressão e conhecimento
2. Transversalidade da escrita
3. Uma aprendizagem precoce para sempre inacabada
4. Os componentes da escrita e do texto a escrever
5. As operações referentes à produção textual
CAPÍTULO II
OBSTÁCULOS, DIFICULDADES E ERROS DE ESCRITA
1. A importância do erro
2. As fontes das dificuldades
3. O valor didático dos erros de escrita
4. Erros a serem identificados e hierarquizados
CAPÍTULO III
OS GÊNEROS TEXTUAIS COMO UNIDADE DE TRABALHO
1. Os gêneros como manifestação das práticas linguageiras
2. Os gêneros como "megainstrumento" didático
3. O gênero como "facilitador" do ensino da produção textual
4. O modelo didático do gênero textual
CAPÍTULO IV
O PROCEDIMENTO DE ANÁLISE
1. Levar em conta os objetivos prioritários
2. Reconstrução da consigna
3. Identificar os erros com a ajuda de grades de avaliação
CAPÍTULO V
OS DISPOSITIVOS DE ENSINO
1. A revisão do texto e sua reescrita
2. As atividades escolares, dispositivos e sequências didáticas
CAPÍTULO VI
OS TEXTOS NARRATIVOS
1. Análise de dois textos
2. A situação de produção e a consigna escrita
3. A reconstrução do gênero a partir dos índices textuais
4. O texto de Felipe
5. O texto de Vera
6. As pistas de trabalho prioritárias
CAPÍTULO VII
OS TEXTOS ARGUMENTATIVOS
1. Análise da produção textual de Lucas: o gênero carta oficial e seu contexto de produção
2. A reconstrução do gênero a partir dos índices textuais e da situação de comunicação
3. As principais dificuldades de Lucas
4. As pistas de trabalho prioritárias
À GUISA DE CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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P R E F Á C I O
Esta obra é uma introdução à Didática da Escrita, destinada à formação inicial e contínua dos professores de línguas. Ela é uma adaptação do livro Production ecrite et difficultés d'apprentissage (J. Dolz, R. Gagnon e S. Toulou, 2008) para o ensino de Língua Portuguesa e, mais particularmente, para o ensino no Brasil. Nosso objetivo é chegar a um público amplo de professores de Português do Ensino Fundamental e de estudantes universitários que iniciam seus estudos em Didática das Línguas. Entretanto, este livro não pode ser considerado como uma simples tradução de seu correspondente em francês, porque, na medida do possível, levamos em conta as particularidades da Língua Portuguesa, os fenômenos próprios de sua textualização e as questões referentes ao sistema ortográfico português. Além disso, esforçamo-nos para integrar, às análises realizadas, textos produzidos por alunos brasileiros procedentes de escolas de Londrina. A respeito deles disponibilizados por Elvira Lopes Nascimento, a quem agradecemos de modo especial.
Orientado explicitamente para a análise de produções escritas, o livro propõe uma metodologia que permite depreender as capacidades e as dificuldades dos alunos, autores dos textos. Mostramos como partir de suas capacidades e de seus erros para organizar o ensino, salientando os principais obstáculos a serem ultrapassados em função dos diferentes componentes dos textos trabalhados. Desse modo, procuramos, da melhor forma possível, adaptar o ensino aos aprendizes da escrita.
O desafio de uma obra como esta consiste em apresentar, de modo simples, um procedimento, que é por definição complexo e que se aplica aos diferentes níveis da escolaridade obrigatória. Com esse objetivo e para melhor orientar o leitor, limitamos as referências teóricas e bibliográficas àquelas que nos parecem indispensáveis e mais representativas do campo da pesquisa. Considerar a diversidade textual e a escolha do gênero textual como unidade de trabalho para ensinar a produção escrita é o fio condutor deste livro. Para isso, como ilustração, alguns gêneros narrativos e argumentativos foram objeto de análises mais detalhadas, nos dois últimos capítulos focalizando procedimentos de análise das capacidades e das dificuldades dos alunos e o desenvolvimento de pistas didáticas para as atividades concretas de ensino. Vale ressaltar que tanto o trabalho de definição e de caracterização de outros gêneros textuais quanto de atividades escolares para ensiná-los exigiria um livro mais completo do que este.
O conjunto do livro deve muito às reflexões, comentários e críticas de estudantes que fizeram os nossos cursos. Também agradecemos aos primeiros leitores da versão francesa: Marianne Weber e Sandrine Aeby Daghé, da Universidade de Genebra, e Claude Simard e Suzanne-G. Chartrand, professores da Universidade de Laval, no Québec. Expressamos também nossa gratidão à Anna Rachel Machado, Carla Messias Ribeiro da Silva, Elvira Lopes Nascimento e Fábio Delano, cujos comentários críticos contribuíram para melhorar esta edição da versão em português.
Resta-nos apenas desejar que nossos leitores tenham a mesma curiosidade e que possam compartilhar conosco suas reflexões e suas propostas. Esperamos que sejam bem numerosas, porque é importante dispormos de uma ampla gama de dispositivos originais e inovadores para motivar os alunos e para transformar os conhecimentos e as habilidades da escrita. Acreditamos que a pesquisa de formas de intervenção eficazes contra o iletrismo, baixo letramento ou analfabetismo funcional é uma prioridade para um país como o Brasil.
O livro é particularmente adequado para acompanhar as atividades sobre as sequências didáticas do Programa Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, conforme vem sendo realizada no Brasil. Uma das razões principais de sua adaptação para o português é justamente o desejo de modestamente poder contribuir para o desenvolvimento desse projeto, buscando, sobretudo, adequar o trabalho com a escrita aos alunos com dificuldades de aprendizagem.
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S O B R E O S A U T O R E S
Joaquim Dolz – Professor em Didática de Línguas na Universidade de Genebra e pesquisador sobre o ensino da produção oral e escrita.
Roxane Gagnon – Doutora na formação de professores no ensino da argumentação oral. Desde 2005, trabalha na equipe do professor Joaquim Dolz na Universidade de Genebra.
Fabrício Decândio – Licenciado em Letras-anglo-portuguesas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) em 2007. Estudante de mestrado
Em “Análise e intervenção nos sistemas educativos”, na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Genebra.
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