SOBRE ESTES POEMAS SOBRE O OUTRO
O outro, o meu-outro, o outro-eu, as outras pessoas, no singular ou no plural, aqui e ali acordam o desejo da ode. Grandes poetas do passado arcaico e grandes poetas do presente dedicaram poemas e escreveram odes a pessoas, a seus nomes e a sua memória.
Este não é um livro de odes. Poema algum aqui recorda, para ser enaltecida, pessoa alguma. Os nomes é uma longa seqüência de poemas, de pequenos poemas sugeridos pela lembrança amorosa de algumas pessoas, através da memória de algum gesto de seus nomes. Uma frase dita ou imaginada, uma maneira inapagável de ser, de estar vivendo (como Manoel de Barros ou Adélia Prado), de haver vivido até há pouco (Joaquim Brandão, João Cabral de Mello Neto, Jorge Luís Borges ) ou há muito tempo passado (Homero, Moisés, Ulisses, Dom Quixote). Um gesto impossível de esquecer, depois de havê-lo visto frente a frente (Rubem Alves, Regis de Morais) ou em outras imagens, como a de um livro (llia Prigogine) ou a de um filme (Gandhi). Às vezes, a lembrança sugerida por uma figura de metáfora forte demais, como o anjo em Rainer Maria Rilke ou o fluir de tudo, em Heráclito. De que nomes, leitora, leitor, você haverá de lembrar ao ler os poemas destes? De que pessoas? Com que palavras? Que poemas? Por quê? Para quê? Existe algum "para" para a poesia?
(capa e projeto gráfico: Vande Rotta Gomide
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