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O espírito literário de José J. Veiga se corporifica nesta obra. Em vez de ser a hora dos ruminantes, é a hora dos transeuntes, daqueles que caminham no seu trajeto de vida e lutam por sua existência. O “fantástico” veigueano se transforma em um “regionalismo real” e em uma ficção que também pode ser também universal por tratar de pessoas reais, suas raízes, seus desejos, seus sentimentos mais íntimos e suas necessidades. O cenário é a pacata vida do interior, onde um grupo de sitiantes passa seus dias sem maiores perturbações. Entretanto, a chegada de uma empresa estrangeira com seu projeto da construção de um condomínio para estrangeiros aposentados coloca os moradores em polvorosa. Ao longo dos seus 11 capítulos, que parodiam as obras de Veiga, a fala caipira dos sitiantes revela uma teia de relações humanas a qual foi perturbada pela nova ordem imposta pela empresa. Mais do que isso, a companhia se impõe à comunidade, traz seus condôminos e intenta uma convivência com os “nativos”. Lamentavelmente, o choque de cultura, de interesses econômicos, políticos e até mesmo humanos não permite a realização do sonho dos estrangeiros. E, assim, salvos pela cultura, o empreendimento fracassa e os estrangeiros abandonam seu paraíso, deixando os escombros aos sitiantes que, embora tentando reerguer suas vidas a partir das “cinzas”, voltam a ser felizes, ao seu modo peculiar de vida. Uma ficção que explora com maestria um tema que subjaz à condição humana, independente de sua localização geográfica. Prefaciado por Luiz de Aquino, membro da Academia Goiana de Letras e versado na obra de José J. Veiga, o escritor comenta que “A hora dos transeuntes” soube captar muito bem o universo literário de Veiga, produzindo boa prosa. Diz ele: “Gostei e recomendo! Acredito que José J. Veiga gostaria de ler este livro. Afinal, está aqui, em páginas e muito texto, uma homenagem póstuma ao autor goiano que mais espaços conquistou no mundo, em terras e línguas. E mais não digo: seria uma traição ao autor a revelação, de minha parte, atropelando os prazeres que o leitor encontrará no percurso da trama”.
Sobre o autor
Wilson Alves de Paiva é escritor, artista plástico e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), atuando na Faculdade de Educação e no PPGE – Programa de Pós-Graduação em Educação. É Mestre e Doutor em Filosofia da Educação, com estágio de pós-doutorado na Universidad Autónoma de Madrid (Espanha), na University of Calgary (Canadá) e na Sorbonne Université (França). É membro da Rousseau Association, da Societé Jean-Jacques Rousseau, da Sociedade Portuguesa de Filosofia, da ABES18 e coordena o GEI-Rousseau (Grupo de Estudios Iberoamericanos em Rousseau). É autor do livro O Emílio de Rousseau e a formação do cidadão do mundo moderno, além de ter organizado e participado de várias obras acadêmicas, além de contar com inúmeros artigos publicados em revistas especializadas no Brasil e no exterior. Na literatura, é poeta, contista e lança agora seu primeiro romance. É autor de dois livros de contos: Barafunda e A Fontana de Lutécia, além do quase poético ebook bilíngue (português e francês) Rousseau e a estética dos jardins/Rousseau et l'esthétique des jardins, com fotos de jardins da França e da Suíça, tiradas pelo próprio autor, como resultado de sua pesquisa em estética na Sorbonne, realizada em 2020-2021.
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