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Toda cidade famosa por um passado glorioso e imortalizada por poetas e prosadores traz, no bojo de suas tradições histórico-literárias, instigantes e fantásticos mitos de fundação. Não é diferente com Roma, cidade eterna, sede de um Império que, em seu auge, dominou a Europa, parte da África e da Ásia. Com naturalidade, pois, deuses, semideuses e humanos circulam no espaço e tempo da Itália primitiva e interferem, com sinais celestes e predestinações, na fundação da capital do Lácio cuja presença troiana é afirmada pela figura do herói Eneias. No entanto, engana-se quem pensa que a obra “Origem do Povo Romano”, inocentemente, apresenta apenas a versão romanceada dessa fundação, endossando um “conteúdo oficial”. Na verdade, o escritor do século IV, denominado pela incerteza de autoria, como Pseudo Aurélio Victor, reproduz não uma, mas algumas versões, com tom de crítica e incredulidade. Além de ser uma obra questionadora e impulsionadora de relatos verossímeis, ela traz contribuições que vão desde informações da topografia do Lácio e de Roma; passando pelas de caráter literário, ao reconstruir o itinerário virgiliano de Eneias, com menções a personalidades do passado legendário da capital do Império; e a cultos e rituais arcaicos; costurando tudo com estudos de etiologia e etimologia; não sem citar fontes de autoridades da antiga Roma e suas tradições.
Sobre a Tradutora
Heloísa Maria Moraes Moreira Penna é professora da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas, onde graduou-se em Português e em Latim (Língua e Literatura) e cursou o mestrado em Estudos Linguísticos (Linguística Histórica). Doutora em Letras Clássicas pela Universidade de São Paulo e pós doutora em Letras Clássicas pela Universidade de Campinas, especializou-se na literatura latina estudando a métrica
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