- Constantino Luz de Medeiros
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Ao invés dos românticos de Iena trabalharem de modo rígido com a ideia de fidelidade, submetida ao paradigma tradicional da representação, eles preferiam pensar a partir de conceitos como o de oscilar (Schweben), ironia, autorreflexão, desdobramento, dissimulação (Verstellung), alegoria e mesmo de tradução, como operadores para se conceber toda a cultura. Eles formularam uma noção de ser como ex-istir, constante processo de construção e desconstrução, saída e volta a si. A partir da autorreflexão, modelo de ser como encontro-desencontro com o Outro, Eu-Tu, eles entronizaram um conceito de ser como errância e devir essencialmente anti-fundamentalista (o contrário do que ocorrerá com o romantismo conservador que os sucedeu) e muito necessário de ser atualizado para nossa época. Convido os leitores a embarcar nessa nau um tanto agitada do pensamento dos Schlegel e turma sob o comando da pena afiada de Constantino Luz de Medeiros que em sete lições palmilha por alguns dos pontos altos desses pensadores indomáveis. Se o pensamento desses autores iluminou intelectuais como Thomas De Quincey, W. Benjamin, os surrealistas franceses, Eva Fiesel, M. Bakhtin, M. Blanchot, T. Todorov, Ph. Lacoue-Labarthe, J.-L. Nancy, Paul de Man, Haroldo de Campos, entre tantos pensadores do século XX, nesta nossa época de profundo e necessário revisionismo contracolonial de nossos dogmas, cânones e paixões, mais do que nunca temos aqui muita semente (pólen, Blüthenstaub) para colher da seara primeiro romântica e fazer brotar. (Márcio Seligmann-Silva)
Constantino Luz de Medeiros é professor de Teoria da Literatura e Literatura Comparada da UFMG e pesquisador do CNPq. É autor de A invenção da modernidade literária: Friedrich Schlegel e o romantismo alemão (Editora Iluminuras 2016), e de Sete Lições sobre o primeiro romantismo alemão (Editora Mercado de Letras 2024). Traduziu obras seminais do romantismo alemão, tais como Conversa sobre a poesia; Fragmentos sobre poesia e literatura; Sobre o estudo da poesia grega; Lucinde; História da literatura antiga e moderna; Fragmentos Críticos (Lyceum – Pólen – Athenäum – Ideias) seguido do Ensaio sobre a Ininteligibilidade; Estudos sobre a Antiguidade Clássica, entre outras obras de Friedrich Schlegel.
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