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No início, uma vontade de compor uma tese de doutorado que pudesse criar possibilidades de fuga de algo aparentemente pronto, acabado e cristalizado – o Rigor matemático. Foi preciso preparar os corpos e estabelecer um solo inicial: a disciplina de análise real oferecida na maioria dos cursos de licenciatura em matemática em nosso país. No caminho, várias perguntas: que pode esse rigor? Que linhas podem ser narradas acerca de sua problematização? Que corpos produz? A partir de narrativas ficcionais, compostas num movimento de escrita-fluxo e tendo a fluidez das águas como inspiração para um plano de composição do texto, convocou-se uma multidão de afetos que pediam passagem: filosofia da diferença e corpo sem órgãos e ficção e desejo e lugar a ser ocupado e licenciatura em matemática e professora e educação básica e narrador e texto sem órgãos e validação e loucura e repetir e repetir e repetir e devir-mulher e torcer e torcer e torcer e... rigor acontecimento. Tendo atravessado um discurso hegemônico e estruturante, foi possível inaugurar um tratamento do rigor na Educação Matemática, instalando-o como existência e resistência. Um rigor composto por restos discursivos de um rigor constituído. rigor sem órgãos.
Sobre o autor
Danilo Olímpio Gomes é professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (Ifal). Sempre se interessou pela relação entre estudantes e o conhecimento matemático. Em seu doutorado em Educação Matemática pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), junto com o Coletivo Cronopi*s, aprofundou os estudos em filosofias da diferença e em epistemologia do conhecimento matemático, desenvol-vendo o conceito de rigor sem órgãos. Atualmente, orienta trabalhos de iniciação científica e publica artigos acadêmicos com foco na relação docente-saber- poder-estudante.
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