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As relações linguagem/cérebro/mente/psiquismo são claramente complexas. Por isso, é muito fácil perder-se nesse emaranhado. O equívoco pode decorrer da adoção de uma concepção banal de língua, e, em consequência, das práticas linguísticas. Ou por qualificar de "doente" qualquer traço de comportamento linguístico que não esteja de acordo com uma representação estreita da língua (fala correta, escrita normativa, sem levar em conta contextos e relações culturais complexos). Acrescente-se a isso a diversidade humana e de teorias que tratam do "aparelho psíquico", ora menos, ora mais redutoras ou biologizantes, conforme a maneira de compreender o sujeito e o cérebro. O efeito podem ser avaliações equivocadas do estado mental dos sujeitos (alunos, lesados, idosos), com base em suas manifestações linguísticas, ou mesmo diagnósticos adequados, mas seguidos de indicações "terapêuticas" desprovidas de sentido.
Este livro apresenta algumas posições teóricas e, com destaque, um conjunto de análises de casos cujo efeito deveria ser a adoção de visões radicalmente diferentes das dominantes, sejam as do senso comum (mas alimentadas pela ciência!), sejam as adotadas por profissionais especializados que, no entanto, desconsideram/desconhecem diversos fatores relevantes desse complexo. O leitor verá que os "fatos" podem ser bem diferentes do que parecem. E que sujeitos considerados doentes são apenas sujeitos singulares, que não podem, por isso, ser condenados à marginalidade ou ao desespero, em nome da ciência. A grande lição deste livro é que nem todos precisam ser iguais. E que as diferenças, mesmo se, às vezes, são grandes, nunca devem, ser motivo para desistir. (Sírio Possenti)
SOBRE AS ORGANIZADORAS:
Fernanda Maria Pereira Freire, fonoaudióloga, mestre e doutora em Linguística (IEL/Unicamp). Pós-doutorado em Interfaces computacionais e Linguagem no Instituto de Computação (IC/Unicamp). Pesquisadora do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED/Unicamp) e professora colaboradora do Departamento de Linguística (IEL/Unicamp) desde 2008.
Mara Lúcia Fabricio de Andrade, graduada em Letras (Unesp), mestre Linguística e Língua Portuguesa (Unesp), doutora em Linguística (IEL/Unicamp). Atualmente desenvolve pós-doutorado em Neurolinguística no Departamento de Linguística do IEL.
Maria Irma Hadler Coudry, professora Livre-Docente do Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, responsável pelo Centro de Convivência de Afásicos (CCA-Grupo II) e pelo Centro de Convivência de Linguagens (CCazinho), IEL/Unicamp. Pesquisadora do CNPq.
Michelli Alessandra Silva, linguista, mestre em Saúde da Criança e do Adolescente (FCM/Unicamp), doutoranda em Linguística no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL/Unicamp).
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