A proposta desse livro é trazer ao leitor e à leitora as situações de dia-a-dia de uma escola, fazendo isso a partir dos pontos de vista e das palavras das professoras e professores. Nosso desejo é dialogar, contar "causos" do nosso cotidiano e compartilhar algumas de nossas reflexões, um pouco dos tateios que fazemos ao praticar a Pedagogia Freinet. Para esse diálogo escolhemos um fio condutor, um eixo central: relatar nossas vivências com as crianças e os adolescentes, enfocando os instrumentos da Pedagogia Freinet.
A escolha desse fio condutor aumenta a responsabilidade de explicitar nossa compreensão de que a Pedagogia Freinet não é um conjunto de técnicas, um receituário a ser seguido. Ao adotarmos esses instrumentos, as concepções de educação que os criaram se revelam, remetendo-nos a novas reflexões. Por outro lado, ao falarmos desses instrumentos, a prática se desvela com mais clareza, favorecendo um diálogo mais vivo com aqueles que nos lerão.
Uma outra proposta da obra é a de dar visibilidade à palavra de professoras e professores, que na sua prática cotidiana produzem saberes. Acreditamos que este seja um passo na direção de realizar uma tarefa essencial: resgatar o valor da nossa profissão diante da sociedade. Ao assumirmos a responsabilidade pelo ato de educar, sem nos perdermos em sentimentos de culpa pelos males da educação, construímos respostas possíveis. Sem ficarmos somente esperando as respostas e prescrições de outros especialistas, queremos propor o diálogo, mostrando nossos tateios e reflexões. Com esse passo esperamos mostrar o que há, talvez, de mais bonito na educação: seu estado constante de vir a ser, sua incompletude, como nos diria o querido mestre Paulo Freire.
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