O livro reúne conferências apresentadas em outubro de 2012, no V Colóquio de História e Arte realizado na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis.
Para aquela ocasião foram convidados dezesseis especialistas de reconhecimento internacional, que apresentaram e puseram em discussão, no espaço acadêmico, resultados parciais de suas pesquisas. O encontro desencadeou debates de alto nível e um prolífico intercâmbio de informações, o que permitiu que as reflexões expostas fossem agora reconstituídas para serem apresentadas e disponibilizadas para o público em geral.
Composto por quinze capítulos e uma entrevista final, o livro se estrutura em torno das visíveis relações entre os exercícios da utopia e quatro tópicos estruturantes de suas formas de difusão: a memória, as artes, a técnica e o pensamento. Esta estrutura permite evidenciar tonalidades e enfoques diversos, que permitem identificar as feições que a utopia pôde assumir na modernidade, assim como a heterogeneidade e a hibridez que são subjacentes a sua expressão.
Como consequência disto, o eixo temático central - o conceito de utopia e as suas derivas genealógicas que podem remontar à antiguidade platônica, às expressões culturais da Renascença do século XVI ou a matrizes proudhonianas de pensamento oitocentista - é aqui deslocado para a forma plural utopias. Afinal, pluralizadas, elas adquirem mobilidade formal, abrangendo a militância e a negação, a heterotopia e a distopia, a imaginação crítica e a indiferença.
Com essa abertura para o plural, as Organizadoras optam não apenas por privilegiar atualizações possíveis do conceito, ou por realçar as configurações e reconfigurações das demandas contemporâneas, mas, sobretudo, inscrevem o debate na ordem do presente, ou melhor, da produção do presente, oferecendo, assim, um depurado tratamento da questão, que recai, de forma transversal, sobre as diversas práticas do pensamento e, sobretudo, sobre os principais impasses políticos e culturais do contemporâneo.
Neste sentido, História e Arte: Utopia, Utopias é bem-vindo sobretudo como livro necessário; permite o reconhecimento das urgências e das lutas empreendidas no século XXI, quando as concepções de tempo, história, sujeito e sociedade se convertem em tópicos que estão para-além dos interesses universitários, isto é, são objetos constantemente redimensionados pelas renegociações políticas que o presente impõe. (Alexandre Montaury)
SOBRE AS ORGANIZADORAS:
Maria Bernardete Ramos Flores é doutora em História pela PUC/SP. Fez Pós-Doutorado na Universidade Nova de Lisboa (Portugal), University of Maryland (EU), Universidad de San Martin (Argentina). É Professora Titular em História Cultural na Universidade Federal de Santa Catarina. Pesquisadora 1C do CNPq. Autora de vários artigos e capítulos de livros, com destaque para o livro Tecnologia e estética do racismo. Ciência e Arte na Política da Beleza (Argos, 2007). Co-organizadora das Coletâneas de História e Arte: Encantos da imagem (Letras Contemporâneas, 2010). Movimentos artísticos, correntes intelectuais (Mercado de Letras, 2011). Memória e Imagem (Mercado de Letras, 2012).
Patricia Peterle é Doutora em Letras Neolatinas pela UFRJ, com Pós-Dourado na área de História pela Unesp/Assis. Atualmente é professora do Departamento de Língua e Literatura Estrangeiras, na área de Literatura Italiana, e dos Programas de Pós-Graduação em Literatura e em Estudos da Tradução da UFSC. Coordenadora do GT de Literatura Comparada da Anpoll (2013-2014). Organizou em co-autoria os volumes 100 anos de Futurismo (7Letras 2010) e Itália do pós-guerra em diálogo (2011, Comunità). É autora de Ignazio Silone: encruzilhadas entre literatura, história e política (2011, Comunità). Trabalha com os seguintes temas: Século XX, categorias do contemporâneo, literatura e censura. E-mail: patriciapeterle@gmail.com
SOBRE OS AUTORES:
Adriano Luiz Duarte fez mestrado em sociologia pela USP, doutorado em história social pela Unicamp e pós-doutorado em história pela New York University. É autor do livro Cidadania em exclusão e de vários artigos em revistas nacionais e estrangeiras sobre os temas, trabalho, cultura política e cidadania. É membro do GT nacional Mundos do Trabalho da ANPUH, desde sua fundação, e professor de história do Brasil e história contemporânea na Universidade Federal de Santa Catarina. Atua no Programa de Pós-Graduação em História da UFSC. Pesquisador do CNPq. E-mail: adrianold@uol.com.br
Alai Garcia Diniz é docente da Universidade Federal de Santa Catarina, tem graduação em Letras - Português e Espanhol pela USP. No mestrado estudou as crônicas de Rafael Barrett (1992) e no Doutorado os imaginários da Guerra Contra o Paraguai (1997) na USP. Orientou dissertações e teses na área de Literatura e atualmente dedica-se à Pós-Graduação em Estudos da Tradução (PGET). Atualmente é Professora Visitante Sênior na Universidade Federal de Integração Latino-Americana (Unila). Suas últimas publicações são: Contos que cantam (2011) tradução de contos de Augusto Roa Bastos; O que são os ervais (2012) de Rafael Barrett e Augusto Roa Bastos em arquivos de fronteira (2013). Em edição cartoneira publicou poemas Ventri loca (2009). E-mail: agadin@gmail.com
Ana Maria Mauad é doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense, com pós-doutorado no Museu Paulista da USP. Atualmente é professora da UFF, no Departamento de História, Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em História, É pesquisadora do Laboratório de História Oral e Imagem, da UFF, desde 1992, e do CNPq, desde 1996. Dedica-se ao ensino de teoria e metodologia da história. É autora do livro Poses e Flagrantes: estudos sobre história e fotografias (Eduff, 2008), e de vários artigos e capítulos de livros sobre temas ligados à História Oral, História Pública, História da Memória e História da Imagem, especialmente fotografia. E-mail: anammauad@uol.com.br
Joachin de Melo Azevedo Neto é graduado em História pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), mestrado em História pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Atualmente é doutorando em História Cultural pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), bolsista pela Capes e membro da Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia (SBTHH). Possui interesse no estudo das relações entre História e Literatura e História da Arte, com interesse nos seguintes temas: Literatura e o mal; Historiografia e no estudo das relações entre escrita, imagem e testemunho. E-mail: joaquimmelo@msn.com
Letícia Nedel é Professora do Programa de Pós-graduação em História Cultural (UFSC), Professora Colaboradora do Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC e Docente vinculada ao Departamento de História, onde coordena com Janine Gomes da Silva o Laboratório de Memória, Acervos e Patrimônio, lecionando para os cursos de graduação em História e em Museologia. Concluiu o doutorado pela UnB em 2005 e em 2006 realizou estágio pós-doutoral no Centro de Pesquisas e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Entre 2007 e 2010 foi professora adjunta da Escola de Ciências Sociais e do Programa de Pós-graduação em HIstória, Política e Bens Culturais da Fundação Getúlio Vargas (RJ), atuando nas áreas de pesquisa e organização de acervos arquivísticos. E-mail: leticiabnedel@gmail.com
Luciene Lehmkuhl é doutora em História pela Universidade Federal de Santa Catarina, com sanduíche na Universidade Nova de Lisboa. Fez pós-doutorado no Centre d’Histoire et Théorie des Arts/École des Hautes Études en Sciences Sociales com supervisão de Éric Michaud. É professora associada na Universidade Federal de Uberlândia no Curso de Graduação em História, no Programa de Pós-Graduação em História e no Programa de Pós-Graduação em Artes. Desenvolve pesquisas nas áreas de História e de Arte, com ênfase em História Cultural e História da Arte. É autora do livro Café de Portinari na Exposição do Mundo Português (EDFU, 2011).
Márcio Seligmann-Silva é doutor pela Universidade Livre de Berlim, pós-doutor por Yale, professor livre-docente de Teoria Literária na Unicamp e pesquisador do CNPq. É autor dos livros Ler o Livro do Mundo. Walter Benjamin: romantismo e crítica poética (Iluminuras/FAPESP, 1999), Adorno (PubliFolha, 2003), O Local da Diferença. Ensaios sobre memória, arte, literatura e tradução (Editora 34, 2005), Para uma crítica da compaixão (Lumme Editor, 2009) e A atualidade de Walter Benjamin e de Theodor W. Adorno (Editora Civilização Brasileira, 2009); organizou os volumes Leituras de Walter Benjamin: (Annablume/FAPESP, 1999; segunda edição 2007), História, Memória, Literatura: o Testemunho na Era das Catástrofes (Unicamp 2003) e Palavra e Imagem, Memória e Escritura (Argos, 2006) e coorganizou Catástrofe e Representação (Escuta, 2000) ), Escritas da violência. Vol I. O testemunho (7Letras, 2012) e Escritas da violência. Vol II. Representações da violência na história e na cultura contemporâneas da América Latina (7Letras, 2012); Imagem e Memória (Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2012). Possuí vários ensaios publicados em livros e revistas no Brasil e no exterior. E-mail: m.seligmann@uol.com.br
Maria Elisa Cevasco é graduada em Letras - Português/Inglês pela Universidade de São Paulo, mestrado em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês pela Universidade de São Paulo e doutorado em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor titular do Departamento de Letras Modernas da Universidade de São Paulo. Trabalha com crítica cultural materialista e publicou livros e artigos sobre Raymond Williams, Fredric jameson, e Roberto Schwarz. É autora de Para Ler Raymond Williams, Dez Lições sobre Estudos Culturais e coeditora de O espírito de Porto Alegre e de Um mestre na periferia do capitalismo. E-mail: maece@usp.br
Maria Stella Martins Bresciani é Professora Titular em História Contemporânea na Unicamp (aposentada); atualmente é professora colaboradora junto a mesma Universidade; Coordenadora do Centro Interdisciplinar de Estudos das Cidades (CIEC) Unicamp; Coordenadora do Núcleo História e Linguagens Políticas (CNPq). Graduação em História (1970) e Doutorado em História Social (1976) pela Universidade de São Paulo; estágios de pós-doutorado junto à Université de Paris 7 e o Centre National de la Recherche Scientifique em 1986/87; junto à Université de Paris 1, Université de Paris 4 e CNRS em 1995; sucessivos estágios de pesquisa junto ao Centre de Recherches sur le Brésil Contemporain (CRBC-EHESS). Áreas de pesquisa: história política e história urbana (Bolsa Produtividade CNPq A1). Autora de vários artigos e capítulos de livros, dos quais destaca O charme da ciência e a sedução da objetividade. Oliveira Vianna entre intérpretes do Brasil (Edunesp) e Londres e Paris no século XIX. O espetáculo da pobreza (Brasiliense). sbrescia@lexxa.com.br
Marisa Varanda Teixeira Carpintéro é Doutora em História e Pós-Doutora em História/Unicamp. Foi professora e coordenadora do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Metodista de Piracicaba. Pesquisadora e colaboradora do Centro Interdisciplinar de Estudos da Cidade do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, membro do Núcleo de História e Linguagens Políticas: Razão, Sentimentos e Sensibilidades (CNPq) coordenado pelas professoras Maria Stella Bresciani e Izabel Andrade Marzon. Autora do livro A construção de um sonho: os engenheiros-arquitetos e a formulação da política habitacional no Brasil 1917-1940 (Unicamp, 1998) e de vários artigos. E-mail: mvcarpin@uol.com.br
Ricardo Machado é graduado em História pela Universidade Regional de Blumenau, mestre e doutorando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Cultural da Universidade Federal de Santa Catarina. É professor da Universidade Federal da Fronteira Sul em Chapecó/SC onde atua nas disciplinas relacionadas a Teoria e Metodologia da História. Publicou os livros Entre o Público e o Privado: gestão do espaço e governo dos indivíduos em Blumenau (1850-1920) pela Edifurb (2008) e Desterritorializações do Vale, com André Voigt, pela Editora Liquidificador (2012).
Roberto Machado é Bacharel em Filosofia pela Universidade Católica de Pernambuco, Mestre e Doutor em Filosofia pela Université Catholique de Louvain, na Belgica. Foi ouvinte na Universidade Heidelberg, no ano letivo de 1960-1970, fez vários estágios no Collège de France sob orientação de Michel Foucault entre 1973 e 1980, e Pós-doutorado na Universidade de Paris VIII com Gilles Deleuze. É professor titular aposentado do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Dentre outros, publicou: Danação da Norma: Medicina social e a constituição da psiquiatria no Brasil (1978) e Ciência e Saber: a trajetória da arqueologia de Foucault (1982) pela editora Graal; Zaratustra, tragédia nietzschiana(1987) ; Foucault, a filosofia e a literatura(2000); Deleuze, arte e filosofia(2009) pela editora Zahar. Em geral seus estudos enfocam os temas do trágico e da racionalidade.
Robert Moses Pechman é historiador e pós-doutor pela Ècole des Hautes Etudes en Sciences Sociales e pesquisador do CNPQ. Professor Adjunto do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ, dedica-se ao tema da relação entre Cidade e Cultura com o objetivo de analisar os processos de subjetivação na cidade, vis-a-vis à constituição da urbanidade e da cidadania. É autor de vários livros, entre eles Cidade estreitamente vigiada: o detetive e o urbanista. E-mail: betuspechman@hotmail.com
Rogério Bianchi de Araújo é graduado em Ciências Sociais pelo Centro Universitário Fundação Santo André (1995), possui especialização em Globalização e Cultura - Sociologia da Mudança pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (2000) e mestrado em Filosofia Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2003). É doutor em Ciências Sociais com ênfase em Antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2008). Atualmente é professor do Curso de Ciências Sociais da UFG, Campus Catalão/GO, desenvolvendo pesquisas nas áreas de Antropologia Urbana, Antropologia do Imaginário e Antropologia do Consumo, além de realizar estudos sobre as utopias e as distopias e estudos dos sistemas complexos. E-mail: rogerbianchi@uol.com.br
Vincenzo Padiglione é Professor Associado de Antropologia Cultural da Università di Roma “Sapiensa”.É sócio fundador e membro do conselho diretivo da Società Italiana per la Museografia i Beni Demo-etno-antropologici. Desde 2002 ocupa a direção da revista “Antropologia Museale”. Seus trabalhos no campo dos museus abrangem o estudo etnográfico de museus e patrimônios, a produção de instrumentos úteis à construção de exposições e museus etnográficos, além de produção filmes etnográficos e documentos multimediais. Nessa linha, tem trabalhado como Coordenador Museológico e curador em diversos museus da Itália. E-mail: vincenzo.padiglione@gmail.com
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