Os artigos desta coletânea exibem a existência de uma “indústria cultural” em Minas Gerais desde os fins do século XIX. Por certo, era uma “indústria” em muitos aspectos precária, diante de um mercado consumidor ainda bastante limitado, mas nem por isso inexistente. De maneira mais geral, extrapolando os limites de Minas Gerais, há uma formidável bibliografia brasileira sobre a história social da cultura que autoriza afirmações nesse sentido. Pesquisas sobre o mercado dos livros e outros impressos, por exemplo, revelam não apenas a simples existência desse setor desde o século XIX, bem como a sua integração internacional já naquela época.
De maneira semelhante, pesquisas sobre os espetáculos teatrais, operísticos ou circenses no século XIX, sempre de modo mais evidente depois da sua segunda metade, também revelam a crescente expansão das dimensões econômicas na oferta dessas atividades, bem como o fluxo de companhias e artistas entre a Europa e o Brasil.20 No Rio de Janeiro, em particular, a imprensa local registrou repetidamente a partir de meados do século XIX a “febre de fortuna” que parecia afetar a cena teatral da cidade no período. Empresários bem-sucedidos nesse ramo eram frequentemente criticados por serem apenas “capitalistas”, isto é, “homens de negócios”, cuja motivação residia não no amor às letras ou às artes, como idealizavam críticos e intelectuais, mas sim no “amor ao lucro”.
SOBRE O ORGANIZADOR:
Cleber Dias é Professor da Universidade Federal de Minas Gerais, onde coordena o Grupo de Pesquisa em História do Lazer. É autor de artigos e livros sobre o assunto, dentre os quais, “Esportes nos confins da civilização: Goiás e Mato Grosso, c. 1866-1936” (Editora 7 letras, 2018) e “Epopeias em dias de prazer: uma história do lazer na natureza, 1779-1838” (Editora da UFG, 2013).
ISBN: 978-85-7591-677-3
Páginas: 0
Formato: Epub
Acabamento: Digital
Edição: 1ª
Idioma: Português
Ano: 2023