Margareth Brandini Park (org) ao reunir neste livro textos tão distintos sob a temática da Educação, realiza um calidoscópio. Diversifica as propostas de trabalho com crianças e desta forma retira das crianças o caráter infantilizador.
Os textos narram um trabalho na escola que não é escolar no sentido da normatização e da disciplinarização. É um trabalho com bairros sem ser bairrista, pois não pretende ser a defesa intransigente de um espaço. É um trabalho com as memórias, mas não é um simples memorial, entendendo-o aqui como um livrinho de lembranças. Este livro é uma produção criativa e inventiva. Deleuze dizia "que a única resistência digna do presente é a criação". Este livro produz novas formas de fazer educação, de olhar para o bairro, para as crianças, para as professoras, para a memória, para o conhecimento e para a própria produção.
Este livro conta sobre um trabalho de educação que vai se fazendo em um movimento no qual todos participam com direito a voz, a memória e a escrita. Várias vozes e escritas, todas legítimas. Como num Almanaque que é um tipo de livro destinado a todos e feito por todos, mesmo para os menos letrados, como é o caso das crianças. Todos podem ler e escrever. A aventura para a qual estes textos convidam o leitor é o de ler histórias sobre práticas de cura, de reflexões, de formação de professores, de educação fundamental, de brincadeiras etc.
Memória em movimento na formação de professores é uma contribuição contundente à história da produção e da educação, pois alarga e favorece a criação e a invenção de outras possibilidades na educação, recuperando algo que já estava amortecido na história da educação: a potência do questionamento e da capacidade de resposta.