Elaborada por pesquisadores vinculados a áreas de conhecimento diversas, tais como, Lingüística Aplicada, Sociolingüística Interacional, Etnografia Escolar, Educação e Semiótica, esta obra traz um tema de grande relevância neste início de milênio, marcado paralelamente pela ampliação da “convivência” entre culturas e conseqüente exacerbação de conflitos: trata-se da questão da transculturalidade, seu foco central, associado às questões de linguagem e educação. A transculturalidade é enfocada com base nas dimensões culturais de comunidades de fala – tratadas aqui em termos dos padrões de uso das línguas e variedades que compõem sua ecologia lingüística – e representa uma alternativa aos estudos dos aspectos sociodemográficos e censitários, inserindo-se no paradigma qualitativo-interpretativista das ciências humanas. Propõe, ainda, o termo transculturalidade como apropriado para desnaturalizar as questões de hegemonia cultural, sendo o radical “trans” visto como portador do sentido de movimento multi e bidirecional e, também, complementar e, nessa perspectiva de transculturalidade, vários capítulos do livro ressaltam a questão educacional: a transição lar-escola para as crianças ou a transição oralidade-letramento para os educandos em geral. Pode-se ver ainda nesse livro que a questão da transculturalidade no Brasil adquire certas especificidades decorrentes de características da sociedade brasileira, marcada pelas disparidades sociais e desigualdades socioeconômicas, que a distinguem de outras sociedades, sejam elas de países em desenvolvimento ou desenvolvidas. Entre essas especificidades, merece especial atenção uma releitura de conceitos como o de status de minorias, de comunidades de fala, de diglossia e de afirmação identitária.
ESGOTADO