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Trata-se de um texto revelador que traz grande contribuição para área da surdez, fazendo uma análise discursiva com base na teoria foucaultiana da concepção de surdez e sujeito surdo em tempos pós-modernos, presentes na Política Nacional de Educação Especial e nos Estudos Surdos.
Apesar de todas as conquistas da Comunidade Surda, em especial o decreto 5.626 de dezembro de 2005 que legitima a língua de sinais brasileira, a autora discute “as possibilidades de acessibilidade ao conhecimento escolar que as diferentes formações discursivas apresentam como vontade de verdade”. O livro revela um discurso controverso presente no texto do Atendimento Educacional Especializado (AEEs) que ainda nos remete aos tempos de Graham Bell, partilhando um amordaçar da identidade surda conforme prega Harlan Lane. Este é um dos desafios da autora, denunciar o discurso permeado por uma visão colonialista.
De forma brilhante a autora aponta como estes documentos (AEE e Estudos Surdos) entendem a surdez, o sujeito surdo e a educação bilíngue.
São ainda passíveis de forte reflexão as considerações da autora sobre o que ela chama de surdismo, um extremo na legitimação da comunidade surda e suas lutas, o que não garante a “realização do sonho idealizado de uma escola bilíngue bicultural”, mas que rebatem os discursos da política nacional de Educação Especial nos documentos do AEEs. Encontra-se no texto a incansável luta da autora que começa muito cedo, desde a sua graduação, pelo reconhecimento e inserção da escrita dos sinais, signwriting, nos documentos estudados, considerando que esta poderia garantir o ensino bilíngue e a acessibilidade linguística aos alunos surdos, inclusive na escrita. A autora defende que a “Escrita de Sinais ainda é pouco cogitada como meio de escrita da língua do aluno surdo”. E por isso seu trabalho suscita pesquisas na área e a contínua busca por respostas. O leitor terá, ao final do livro, a experiência de ter perpassado por toda a dialética que se coloca na educação de surdos no que se refere às diferentes concepções de sujeito surdo e suas possibilidades escolares, o que marca a grande contribuição do texto - mostrar o discurso que se tem e as dificuldades que se encontram na prática. (Zilda Gesueli)
SOBRE A AUTORA:
Maria Salomé Soares Dallan - Mestre em Educação pela Universidade São Francisco (2012). Possui graduação em Pedagogia-Educação Especial pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2002) e Especialização pela Universidade Estadual de Campinas Unicamp/Cepre (2004), na área de Escolaridade e Surdez. É professora nos seguintes cursos de Pós-Graduação: Libras e Educação de Surdos e Especialização em Educação Especial com ênfase na Deficiência Intelectual pela Unianchieta, campus Jundiaí-SP. Tem experiência na área de Educação, com ênfase nos seguintes temas: formação de professores, inclusão escolar, atendimento educacional especializado e educação bilíngue/bicultural para surdos falantes de Libras. É pesquisadora da área de Escrita de Línguas de Sinais, mais especificamente sistema Sutton-Signwriting. Realiza palestras, cursos, assessorias e consultorias na área de surdez. Tem artigos e manuais publicados.
Contato: salomedallan@gmail.com - Página pessoal: www.escritadesinais.com.br