De onde vieram as línguas humanas? Elas teriam sido inventadas por alguém, ou por algum grupo de pessoas? Como as estruturas linguísticas podem surgir? Por que as línguas estão sempre mudando? Quais são as forças que moldam as formas das línguas?
Em O desenrolar da linguagem, Guy Deutscher tenta responder a essas e várias outras questões numa linguagem simples e instigante. Seu texto, recheado de exemplos claros e de passagens bem humoradas, não apenas traz ao leitor curioso diversos dos avanços feitos pela ainda recente disciplina da Linguística, como é também uma leitura cativante e agradável. O leitor tem nas mãos um caso raro de obra que mescla romance, aventura e conhecimento científico sólido.
Com esta obra, o leitor verá o quanto já sabemos sobre a natureza da linguagem humana e sua estrutura (e não é pouco!), e o que ainda temos para aprender.
PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA:
O livro que você tem em suas mãos é baseado em uma obra publicada originalmente em inglês, intitulada The Unfolding of Language: the Evolution of Mankind’s Greatest Invention. O texto original é sobre o desenvolvimento das línguas humanas – não sobre o inglês ou qualquer outra língua específica, mas sobre os percursos gerais pelos quais todas as línguas passam em sua evolução. Contudo, como o original se destinava a um público falante de inglês, a maior parte dos exemplos que utilizei para ilustrar esses princípios gerais veio da história do inglês. Os tradutores fizeram um excelente trabalho ao adaptar para o português, sempre que possível, os exemplos em inglês. Em muitos outros casos, isso não pôde ser feito sem uma reestruturação completa do texto. O resultado, inevitavelmente, é um livro escrito completamente em português, mas no qual o inglês parece ocupar um papel de destaque. Eu gostaria de enfatizar para o leitor que isso não significa que haja qualquer coisa especial quanto ao inglês ou que essa língua seja de alguma forma mais importante ou mais útil do que qualquer outra. O destaque ao inglês se deve ao simples fato de que, no original, escolhi exemplos que os leitores – a maioria, falantes nativos dessa língua – compreenderiam mais facilmente. Se tivesse escrito o livro em português, teria escolhido exemplos do português para ilustrar os mesmos argumentos e princípios, e haveria poucos exemplos do inglês no livro. Os leitores devem sempre ter isso em mente, e podem, é claro, se divertir tentando pensar em equivalentes em português para os exemplos apresentados em inglês no livro. Traduzir qualquer livro de uma língua para outra é difícil. Traduzir um livro sobre as línguas é um desafio duplamente maior. Traduzir um livro sobre as línguas que se vale constantemente de exemplos de diversas línguas para demonstrar seus argumentos principais... é uma missão quase impossível. Eu gostaria de agradecer meus dois excelentes tradutores, Renato Basso e Guilherme May, não apenas por sua coragem em embarcar nessa tarefa tão difícil, mas pela forma esplêndida como a realizaram e como solucionaram muitos problemas aparentemente insuperáveis. (G.D.)
SOBRE O AUTOR:
Guy Deutscher, linguista israelense, trabalhou na Universidade de Leiden (Holanda), e atualmente é pesquisador honorário na Universidade de Manchester, na Inglaterra. Antes de se tornar linguista, Deutscher formou-se em matemática pela Universidade de Cambridge (Inglaterra). Suas pesquisas em linguística têm como foco a história e formação das línguas naturais, com ênfase nas línguas da Antiga Mesopotâmia. Além de escrever diversos artigos científicos em revistas especializadas, é autor dos livros Syntactic Change in Akkadian: The Evolution of Sentential Complementation (2000) e Through the Language Glass: Why the World Looks Different in Other Languages” (2010). Este último, assim como O desenrolar da linguagem, é destinado a uma audiência de leitores não especializados, e conta com traduções para diversas línguas, sendo um grande sucesso de público e crítica.