Sede de arte tem o objetivo de instrumentalizar o ensino de filosofia com noções de estética, e reflexões filosóficas sobre arte e cotidiano. O pressuposto é de que a prática pedagógica do ensino de filosofia, exige rigor conceitual e leitura criteriosa, mas pode lançar mão da arte, pois prescinde da austeridade das convenções autoritárias e/ou tradicionais. Aliás, em tempos de sofisticação tecnológica e de revalorização da espontaneidade, o ascetismo metodológico somente consegue repelir os jovens, reiterando falsamente sobre a pretensa aridez da filosofia. Educação, filosofia e arte são práticas humanas e o pensamento que as reflete resultará mais vigoroso na proporção em que tais práticas primem pelo prazer de objetivá-las nas diversas linguagens possíveis. Sensibilidade, reflexão e compromisso formam uma trilogia para o ensino de filosofia como possibilidade ao captar a estesia, pensar e sentir a existência em sua materialidade e em sua subjetividade.
A elaboração do texto Sede de Arte tem por pressuposto que as visibilidades propiciadas pelas artes plásticas, são projetadas de acordo com o prisma do observador, indicando que é possível utilizá-las para interpretar concepções tanto contemporâneas quanto extemporâneas das épocas de criação das obras. Assim, considerando que a reflexão filosófica é uma prática que deve ser vivenciada, implicando em instigar ao questionamento, à enunciação de perguntas e ao exercício de interpretá-las e relacioná-las aos textos (filosóficos) e contextos, estabelecer links entre arte e filosofia configura-se como atividade inspiradora e agradável.
Esta alternativa metodológica para cativar crianças e jovens à compreensão e reflexão filosóficas partiu do entendimento deleuziano de que filosofia, ciência e arte são formas de produção de conhecimento, diferenciadas apenas por seus métodos e modalidades de reconhecimento de suas relevâncias por parte das instâncias que validam ou não os saberes. Por conseguinte, filósofos e artistas, representam seus mundos e os contemplam analítica e prospectivamente. Esta concepção reconhece a importância de resgatar esses constructos como modalidade alternativa para transitar pelo presente construindo um outro amanhã, recriando a criança perguntante e irrequieta em cada jovem, em cada adulto, em cada professor.
SOBRE A AUTORA:
Carmen Lucia Fornari Diez - É Pós-doutora em Filosofia pela Universidade de Barcelona, possui graduação em Filosofia e em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, mestrado em Educação pela Universidade Federal do Paraná e doutorado em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba. É aposentada como professora associada da Universidade Federal do Paraná, onde ministrou filosofia no Departamento de Educação Física - Setor de Ciências Biológicas - e foi professora integrante do PPGE - mestrado e doutorado em Educação no Setor de Educação da UFPR. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia e História da Educação, atuando principalmente com os seguintes temas: ensino de filosofia, educação filosófica, estética, disciplinarização e sexualidade. Atualmente é professora do Mestrado em Educação da Uniplac - Universidade do Planalto Catarinense - na linha de pesquisa Políticas e Processos Formativos em Educação e está vinculada aos grupos de pesquisa Nesef Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Ensino de Filosofia e Educação Filosófica (UFPR), Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Ensino de Filosofia e Educação Filosófica - Regional Planalto Catarinense (Uniplac) e Grupo de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação da Serra Catarinense - HISTEDBR - Serra Catarinense.