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O que querem? Claro que eu sabia que iriam fazer o estágio em minhas aulas. Mas por que ficam me olhando? Na certa queriam aprender algo sobre nossa profissão. Mas porque pensam que serei eu a ensinar? Talvez nem pensem isso, mas como sou eu o professor de matemática da turma que eles escolheram, se algo de bom puder ser aprendido ali, melhor. Sou apenas um exemplar de professor de matemática. Mas por que ficam aí parados, sentados ao fundo da sala? Talvez tivessem que anotar algo sobre minhas aulas. Mas até das aulas ruins? Ora, um exemplar de professor nem sempre é um professor exemplar. E pra quem dirão o que acontece aqui? Para os colegas de curso e o professor coordenador de estágio, durante as reuniões periódicas que nós, alunos da disciplina, fazemos com ele. Mas pra que anotam coisas sobre as minhas aulas para contar a outros? Quero dizer, com que propósito? Bom, discutir práticas pedagógicas em matemática, comparar com os outros exemplares trazidos pelos colegas, avaliar a aula, o papel do professor e dos alunos, os tipos de atividades. E por que não contam primeiro a mim o que anotaram aí? Afinal, sou o primeiro interessado. Por questões éticas, Professor, seu nome nem vai ser citado. Tudo bem, mas o que eu ganho com isso? Um certificado de que foi supervisor de nosso estágio e, melhor ainda, no segundo semestre vamos dar algumas aulas no seu lugar. Aulas? Para os meus alunos? É. E qual conteúdo? Gostaríamos de lecionar algo da Geometria Analítica. E de que jeito? Nós vamos aplicar algumas metodologias modernas e diferenciadas, a fim de que todos alunos aprendam com facilidade, aprendam mais e melhor matemática. Ah, é, é. E depois? Depois o senhor reassume a turma e continua o seu trabalho. E vocês? Nós escreveremos uma monografia sobre esse estágio, nosso Trabalho de Final de Curso. E os alunos? Quem? Os alunos da turma. É verdade, e eles, hein, que tem? Pois é, também não sei, nem sei por que perguntei deles. Os alunos ... ué, continuam aí, como você. E vocês continuam o curso, né, ou se formam? É, e seremos gratos por você nos ter recebido em sua aula. Gostaria de ler o trabalho de vocês. Claro, claro, enviaremos uma cópia a você, como presente. Obrigado. (professor Marquinhos)
SOBRE O AUTOR:
Marcos A. Gonçalves Júnior - Nasci e me criei em Bebedouro, interior de São Paulo. Era o Juninho, neto de vovô Lelo, grande contador de histórias e inspirador. Depois, nasci mais algumas vezes. Fui o Marcos, aluno da licenciatura em Matemática e o Professor Marquinhos, em escolas paranaenses, paulistas e goianas. Com isso, fui nascendo Professor-Pesquisador Marquinhos. Atualmente, leciono matemática na Educação Básica e atuo na formação de futuros professores de matemática, ao recebê-los como estagiários em minhas aulas, no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação, da Universidade Federal de Goiás, na cidade de Goiânia. E, nessa cidade, nasci papai Marquinhos, de dois lindos filhos. O ensino e a aprendizagem da matemática e a formação de professores são meus temas de interesse atuais. Mas, na certa, ainda há outros por nascer.